Design de apoio à Justiça Social, à garantia do usufruto Universal dos Direitos Humanos e à Cultura da Paz
Espaços de atuação atuais: Esta demanda é voltada a candidates com capacidade de investigação e proposição de soluções virtuais atuais (manipulação direta, realidade virtual, aumentada e/ou outras) e livres para a viabilização de jogos e práticas de estímulo à tolerância e à prática colaborativa que, em sua origem, eram praticados de forma física e tiveram uma primeira versão virtual desenvolvida que exigia a participação de uma pessoa mediadora.
Adicionalmente, precisamos de candidates que desejem trabalhar em projetos criativos e críticos ancorados na prática em campo junto a jovens em situação de vulnerabilidade social, escolas e profissionais da educação pública, espaços não-formais de educação popular e movimentos políticos e sociais pela justiça social, usando ferramental técnico e metodológico inter, multi e transdisciplinar, incluindo – mas não se limitando a – teatro, design participativo e educação criativa numa vertente inovadora pelo seu caráter popular e politicamente crítico em relação ao conceito de Sociedade Criativa apropriada pelo status quo como necessidade para o “sucesso”.
Temos espaço, também, para as pessoas com interesse em atuar na pesquisa e no desenvolvimento apropriando-se da tecnologia no combate a toda e qualquer discriminação incluindo, mas não se limitando a, discriminações de raça, de orientação sexual, de diversidade funcional e de origem étnica. O projeto de pesquisa é aberto, assim, a todas as pessoas que se motivam a trabalhar nas diversas camadas de ação específicas, objetivando o combate ao casamento infantil, à exploração sexual, à gravidez na adolescência, à violência contra funcionárias domésticas, à violência obstétrica, à xenofobia, à lesbofobia, à transfobia, ao racismo, ao analfabetismo, ao assédio sexual, ao mansplaining, ao manterrupting, ao slut-shaming, à cultura do estupro, entre outras mazelas sociais.
Este é um espaço trans, multi e interdisciplinar, unindo às áreas de Computação e, pelo menos, de Psicologia, Arte, Educação, Saúde, Segurança e Assistência Social.
Sobre o projeto: Este projeto se iniciou com o objetivo permitir a prática distribuída de métodos e técnicas de estímulo à tolerância e às práticas colaborativas (“modo operativo AND”) desenvolvidos pela dra. antropóloga e pesquisadora Fernanda Eugênio, criadora do AND-Lab (Lisboa-Portugal). Como primeira fase da parceria, foi desenvolvido um protótipo de ambiente web para a prática de forma remota e distribuída com a necessidade de mediação. Na sequência, serão desenvolvidas novas versões de ambientes para a prática deste modo operativo e de suas práticas derivadas que não necessitem do papel da pessoa mediadora. Cabe chamar a atenção para o fato de que, mais de 20 anos atrás, bem antes de a comunidade no Brasil ter passado a se apropriar da prática do Design Participativo, Fernanda Eugênio tinha concebido seu “modo operativo” AND que, na sua instanciação física, consistia em oficinas participativas envolvendo pessoas e diversos tipos de objetos e com a única regra: a de as pessoas não poderem se comunicar verbalmente.
Há alguns anos este projeto “guarda-chuva” vem se alargando e aprofundando com trabalhos de pesquisa-ação junto a adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social atendidos por centros de acolhimento de gestão pública na Região Metropolitana de Curitiba com frutos palpáveis de intervenção social conscientizadora. Ermelindo Schultz se dedica a esta prática, juntamente com Laís Affornali Fernandes, estudante de Artes Cênicas, com quem planejaram e executaram diversas práticas do Teatro do Oprimido de Augusto Boal. Este projeto, a ser continuado no doutorado, envolve alguns CRAS (Centros de Referência de Assistência Social) de Pinhais, município da Região Metropolitana de Curitiba, educadores sociais, e professores pesquisadores das áreas de Educação e de Assistência Social da UFPR. As bases teóricas desta pesquisa-ação incluem os fundamentos de Paulo Freire (1975), uma tese que versa sobre ele (Rosas, A.S., 2008), princípios e práticas de design participativo de Schuler, Douglas, and Aki Namioka (1998), técnicas participativas baseadas em teatro de McCarthy, J. (2012), e jogos e teatro do oprimido de Augusto Boal (1998, 2009 e 2014).
No momento, a partir do cenário de violência doméstica agravado com a situação de distanciamento social pela Covid-19, o projeto envolve, também, a pesquisa para o desenvolvimento de ambientes inclusivos, via recortes interseccionais de caráter social do universo de mulheres que vivem no Brasil, para a denúncia de crimes de violência contra as mulheres. Este estudo vem sendo realizado por Polianna Paim como dissertação de mestrado com intenção de continuidade direta num doutorado, e tem por objetivo a criação de um ambiente para o registro de denúncias de violência contra a mulher inclusivo a todas as mulheres que vivem no Brasil. Os resultados iniciais foram apresentados na trilha “Ideias Inovadoras” do Simpósio Brasileiro de Interação Humano-Computador (IHC) – em 2020. Suas bases teóricas incluem a IHC Feminista, de Bardzell (2010), a IHC Interseccional, de Schlesinger, Edwards e Grinter (2017) e a pesquisa em IHC para a solução de problemas, de Oulasvirta e Hornbæk (2016).
Também motivada pelo cenário das desigualdades de gênero, Elissandra Pereira, designer e mestranda que colaborou na elaboração do artigo de Polianna com discussões sobre a necessidade de investigação do grau de realismo e de detalhamento das ilustrações a serem criadas para o ambiente, realiza uma pesquisa de mestrado com o intuito de criar um portal de educação sexual para adolescentes e jovens mulheres que envolverá, em construção participativa, adolescentes e jovens em situação de fragilidade social, e será acessível a adolescentes e jovens Surdas.
Também neste Projeto, a bibliotecária da UFPR e mestre Liliam Maria Orquiza encontra-se, neste momento, no fechamento de sua tese de doutorado, que comprovará os benefícios da metodologia da pesquisa-ação na popularização da ciência e na democratização não somente do acesso à ciência mas, também e principalmente, ao fazer ciência.
Como é possível notar, os trabalhos de Ermelindo, Laís, Polianna, Elissandra e Liliam se nutrem entre si, de forma permanentemente colaborativa.
Pesquisadoras responsáveis: Laura Sánchez García e Fernanda Eugênio – AND-Lab.