Um dos principais nomes da pesquisa em IHC do país, Roberto Pereira enfatiza a necessidade de pensar a ciência, a educação e a atuação profissional de forma integrada e sustentável

Nesta segunda-feira (8), o XXIV Simpósio Brasileiro sobre Fatores Humanos em Sistemas Computacionais (IHC) foi oficialmente aberto pelo professor Roberto Pereira, do Departamento de Informática da UFPR, uma das maiores referências em Interação Humano-Computador (IHC) no Brasil. Com palestra intitulada “Oportunidades e Desafios para a Comunidade Brasileira de IHC”, Roberto trouxe uma rica reflexão acerca da trajetória, identidade, desafios contemporâneos e perspectivas para o futuro da  comunidade científica que já acumula mais de 25 anos de história e atua com destaque na Sociedade Brasileira de Computação (SBC). Neste ano, o evento é sediado em Belo Horizonte, e segue com programação até o dia 10 de setembro.  

O professor da UFPR iniciou sua fala destacando o imenso valor e significado da comunidade para os profissionais da área, lembrando que o IHC no Brasil nasceu da articulação de pesquisadores dedicados que construíram não apenas eventos científicos, mas um ecossistema colaborativo que inclui a discussão de currículos, formação de recursos humanos, incentivo a novos grupos de pesquisa, intercâmbio internacional e a criação do Journal on Interactive Systems (GIS), uma revista que teve papel decisivo na visibilidade científica da área.

Na palestra, o professor ofereceu uma viagem ao passado da comunidade, trazendo memórias pessoais que ajudaram a moldar sua visão, passando da era pré-IHC à participação em eventos desde 2008, ressaltando o protagonismo de figuras e marcos históricos fundamentais para a consolidação do campo no Brasil. Pereira refletiu sobre a importância de valorizar a cultura local e o processo coletivo da comunidade, ressaltando que a identidade do grupo vai muito além da ciência formal — está na história, nos valores e nas relações que se constroem.

Um ponto alto da palestra foi a retomada do histórico dos grandes desafios de pesquisa em IHC no país. Em 2012, a comunidade fez um esforço conjunto para identificar os temas prioritários para a década seguinte, como cidades inteligentes, acessibilidade, usabilidade, valores humanos e formação profissional. Em 2024, diante dos avanços e mudanças, esses desafios foram revisitados e ampliados para orientar a pesquisa nos próximos anos, mostrando a maturidade e capacidade de autoconhecimento do grupo.

Além disso, Roberto enfatizou a importância da ciência aberta, da internacionalização crítica que preserve as particularidades locais, e a necessidade de repensar as métricas acadêmicas tradicionais, como o impacto e a produtividade, alertando para vieses de gênero e nacionalidade. Ele também apontou a transformação profunda na forma de fazer ciência, com o advento das tecnologias de inteligência artificial, e ressaltou o valor da colaboração na criação e validação coletiva de novos conhecimentos.

O IHC, mais do que um evento anual, é descrito pelo professor como um espaço vivo de criação e conexão, propondo que as futuras edições possam incorporar formatos que incentivem a experimentação, o trabalho conjunto e a integração das pessoas, indo além da simples apresentação de resultados. Confira a íntegra da palestra do professor Roberto Pereira no canal oficial do IHC 2025 no Youtube em https://www.youtube.com/watch?v=6M_a_WGIvHU