Programa se consolida como referência nacional com mais de 1,4 milhão de leituras e 79 mil citações em suas pesquisas
O Programa de Pós-Graduação em Informática (PPGInf) da UFPR encerrou na última sexta-feira (6) o ciclo de oito anos sob a coordenação do professor Dr. Roberto Pereira, período marcado por avanços significativos e consolidação do programa entre os maiores e mais respeitados do país. Entre 2017 e 2022, o professor acompanhou o programa como vice-coordenador, e desde 2023 como coordenador. Ao longo deste período, a gestão foi marcada por um panorama de crescimento, inovação e superação de desafios, especialmente diante do cenário adverso imposto pela pandemia e por cortes de financiamento público. A coordenação do programa será assumida pelo professor Vinícius Fulber-Garcia, doutor em Ciência da Computação pelo próprio PPGInf e pesquisador reconhecido nas áreas de segurança de redes e otimização.
Durante sua gestão, Roberto Pereira enfrentou obstáculos sem precedentes, especialmente a pandemia de Covid-19, que exigiu a rápida adaptação do ensino e da pesquisa para o formato remoto. “Este momento exigiu que nós revisássemos todos os processos de ensino, além de migrar toda a parte de ensino e pesquisa para funcionar de modo remoto, a gente também teve que lidar com as dificuldades inerentes da pandemia, com falta de recurso, com todo o problema social, saúde, saúde pública que se instaurou. Então, esse foi um cenário muito desafiador”, explica.
O ex-coordenador destaca ainda que o aquecimento do mercado de trabalho em computação, somado à redução drástica de bolsas, impactou diretamente a dedicação dos alunos: “A quantidade de bolsas disponíveis caiu quase à metade durante os últimos anos, em virtude de decisões do governo anterior, que estava perseguindo a educação pública, a ciência, adotando uma política negacionista, e em função da própria demanda. Então, você tinha menos recursos para oferecer, com valores de bolsas defasados, e ainda com o mercado de trabalho altamente competitivo. Nós tivemos uma evasão muito grande de estudantes durante o período da pandemia, por essa combinação de razões, algo que em 2024 já voltou a se restabelecer. Mas isso impactou em muitos trabalhos que estavam sendo desenvolvidos e foram interrompidos”.

Contudo, mesmo neste cenário de adversidades, o PPGInf apresentou dados recordes em pesquisa, infraestrutura e quadro de pesquisadores/professores. Considerando os últimos quatro anos de gestão, o corpo docente permanente saltou de 35 para 41 professores. Somando os professores permanentes e colaboradores, o departamento passou de 40 docentes em 2020 para 47 em 2024, atuantes em 15 grupos de pesquisa. O ambiente físico foi ampliado e modernizado, com reformas em laboratórios, áreas de convivência e novos espaços no centro de inovação do Dinf, além de projetos de ampliação previstos para 2025/2026.
A produção científica atingiu 722 publicações no quadriênio, sendo 249 artigos em periódicos (crescimento de 31%) e 473 em eventos científicos, colocando o programa entre os dez maiores do país em número de artigos publicados. Destacam-se 114 artigos em periódicos de alto impacto, ou seja, com mais de 4,6 mil citações no período, H-Index 28 e mais de 1,4 milhão de leituras no ResearchGate. Na produção técnica, foram desenvolvidos softwares, bases de dados e marcos regulatórios de relevância internacional, como o OPLATOOL V. 2.0, o Laboratório de Dados Educacionais e datasets utilizados em pesquisas de saúde e reconhecimento de imagens.
Foco da atuação do programa de pós, a formação de especialistas manteve-se robusta nos últimos quatro anos, titulando 65 doutores (5º maior programa nacional no período) e 76 mestres (13º lugar), com 98,1% de empregabilidade dos egressos. Desde sua criação, já foram 172 teses e 632 dissertações defendidas. Entre os egressos, muitos ocupam posições de destaque em universidades, centros de pesquisa e empresas globais, como Meta/Facebook, Texas A&M University e CWI Amsterdam.
A captação de recursos para pesquisas também apresentou excelentes resultados, ultrapassando a cifra de R$ 20 milhões no quadriênio, com projetos de grande impacto, incluindo parcerias com o Ministério da Saúde, MEC, Samsung e CNPq. Entre os casos de sucesso estão o maior espelho de software livre do hemisfério sul e bases de dados usadas internacionalmente. O reconhecimento veio também em forma de premiações: 60 prêmios no quadriênio, incluindo 1 Prêmio CAPES de Tese, 15 prêmios em CTDs, 34 de melhores artigos e 8 para docentes.
Planejamento estratégico e gestão democrática
Para Roberto Pereira, parte dos resultados positivos se deve a um dos legados que fica no PPGInf, que é uma postura de debate amplo com todos os docentes e discentes para o planejamento e gestão do programa. “Durante esses oito anos, nós fizemos dois planejamentos estratégicos. O primeiro foi lá em 2017, e ele já visava estruturar a pós-graduação, refletindo a identidade do programa de uma forma inclusiva, crítica, cobrindo praticamente todas as áreas da computação. Depois, fizemos um planejamento estratégico para uma janela de dez anos, de uma forma integrada do departamento, o Dinf, com o programa de pós-graduação e também os cursos de graduação. Foi uma atividade intensa e muito relevante para o programa, pois definiu as nossas pautas para os próximos dez anos”, detalha o professor.
Segundo Roberto Pereira, este senso coletivo, que é identidade do programa, por outro lado, foi também um dos desafios permanentes, sobretudo diante de um cenário científico nacional baseado em produtividade e em competitividade. “Vivemos num sistema científico essencialmente competitivo, com poucos recursos e grande competição. As métricas de avaliação olham muito para a quantidade de artigos e recursos captados, deixando em segundo plano a formação e o impacto social. No nosso programa, sempre cultivamos uma identidade de coletivo, de inclusão, com pesquisas de qualidade nas mais diversas áreas da computação e preocupação com retorno social. Em primeiro lugar, a preocupação com a qualidade do que está sendo feito e não com métricas de produção. Nós adotamos uma visão de olhar para o que esses grupos produzem, nossos grupos de pesquisas produzem sua diversidade e não no que uma média de docentes produz. Isso é uma forma muito diferente de atuar num cenário que te leva a ser competitivo e o programa se esforça para ser colaborativo”, aponta.
Coordenações do PPGInf entre 2017 e 2025:
• 2017-2018: Luiz Eduardo Soares e Roberto Pereira
• 2019-2020: Luis Bona e Roberto Pereira
• 2021-2022: Luis Bona e Roberto Pereira
• 2023-2024: Roberto Pereira e Marcos Sunye
• 2025-2025: Roberto Pereira e Vinícius Garcia