Medida segue adesão da UFPR aos protocolos de arquitetura de processadores abertos da aliança Risc-V International

O conceito de arquitetura de processadores abertos será incorporado ao currículo do bacharelado em Ciência da Comunicação pelo Departamento de Informática (Dinf) da UFPR. A ação está alinhada à adesão da universidade à Risc-V International, entidade sem fins lucrativos que gerencia e promove a arquitetura de conjunto de instruções Risc-V. A formalização da adesão foi realizada na primeira quinzena de outubro. Abreviação para Reduced Instruction Set Computer – Five, a Risc-V é um padrão aberto que permite o planejamento, desenvolvimento e produção de chips e processadores sem a necessidade de pagamento de royalties. Sediada na Suíça, a Risc-V International congrega 70 países na comunidade colaborativa.

Segundo o pesquisador Marco A. Zanata Alves, do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) e do Dinf, a inclusão do RISC-V nas disciplinas de ciência da computação não apenas enriquece a formação dos estudantes, mas também contribui para a criação de um ecossistema de inovação em hardware livre no Brasil. “A ideia do hardware livre proposta pela Risc-V permite a criação colaborativa de uma biblioteca aberta com diversos os projetos de arquitetura de processadores disponíveis para uso geral. Isso representa uma oportunidade de barateamento da tecnologia de ponta, e um impulsionamento de startups de hardware que buscam inovar em um mercado competitivo”, destaca Zanata.

A produção do planejamento da arquitetura de um processador é algo que demanda muita expertise, tempo de desenvolvimento e envolve alto custo. Via de regra, a produção de um processador inicia com o projeto e arquitetura da tecnologia, e segue com o envio dos projetos para fábricas especializadas, como Samsung, Intel e TSMC, que dominam o mercado de chips de alto desempenho. A ideia do RISC-V Foundation em ter essa arquitetura aberta e colaborativa reduz tanto o tempo de produção quanto o custo, na medida em que tais projetos ficam disponíveis para uso aberto. Isso significa que desenvolvedores podem usar os projetos vinculados ao Risc-V para criar processadores personalizados para diversas aplicações, desde dispositivos de internet das coisas até supercomputadores.

Outra vantagem destacada por Zanata com o uso do conceito de hardware livre é o aumento da segurança. Ou seja, a abertura da arquitetura também implica em um maior número de especialistas revisando e aprimorando os projetos, o que pode reduzir vulnerabilidades e aumentar a segurança dos sistemas. “Quando temos uma arquitetura aberta, você tem mais profissionais e especialistas observando o projeto para reduzir as falhas. Ou seja, você tem mais mentes pensando em como fazer o hardware se consolidar em algo mais sólido e resistente a ataques, para que seja simples, que sirva para vários propósitos, e que seja à prova de futuras falhas”, complementa Zanata.

Formação com foco na inovação tecnológica – O desenvolvimento de arquiteturas de processadores passa por uma transformação significativa com a introdução de modelos abertos, como o Risc-V. Contudo, pensar que este conceito desagrada o setor privado, é um erro. Não à toa, os grandes players do setor, como a Intel, TSMC, NVídia e Huawei, têm buscado atuar no debate sobre conceitos como hardware livre, na medida em que a arquitetura está se consolidando como uma alternativa viável e promissora no mercado de processadores.  

“O Risc-V é inevitável. E é por isso que as grandes empresas de tecnologia perceberam o potencial do modelo, estão de olho nele, investindo esforços também em fazer parte e ajudar nas decisões da fundação. Logicamente, menos pelo conceito filosófico e altruísta que pode ser debatido com o hardware livre, e mais pelo fato de permanecerem como as principais fabricantes de processadores”, afirma Zanata. 

Ao adotar o conceito na formação dos futuros profissionais da computação graduados pela UFPR, o Dinf reforça sua filosofia do software livre aplicado ao hardware livre, e ainda garante que os egressos estejam equipados com conhecimentos sobre uma das arquiteturas mais inovadoras do mercado, prontos para contribuir com a indústria nacional e internacional de semicondutores.